Notícias - Pesquisador e agricultores se juntam para recuperar áreas degradadas com café orgânico

10/09/2015




Fonte: Shutter

 

Eles estão unidos pela dedicação à terra, pelo desejo de ter a família sempre por perto e pelo respeito à natureza. Entre eles, laços de vida, quase fraternos, ultrapassaram os limites entre o saber dos livros e a escola do campo.

Doutor do conhecimento, o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) Paulo César de Lima vem há 16 anos construindo um projeto de vida junto aos "doutores da terra" - os irmãos Jésus, Jonas, Natanael, Samuel e Edmar Lopes - no município de Araponga, na Zona da Mata mineira. Eles são pioneiros na implantação da cafeicultura agroecológica e orgânica na região.

Nas comunidades de Pedra Redonda eles transformaram terra degradada em rentável lavoura de cafés especiais. A pesquisa desenvolvida em caráter participativo trouxe conhecimento, renda e novos sonhos aos agricultores familiares, que hoje já exportam para Estados Unidos e Japão por meio de uma cooperativa. "Através da troca de saberes fomos construindo um trabalho consistente com os produtores, no qual eles são instigados a encontrar as soluções para melhorar a lavoura. No início, eles não conheciam cafés especiais e, mesmo com toda simplicidade, entenderam que poderiam progredir se apostassem na agroecologia", ressalta Paulo Lima.

A proposta é buscar o desenvolvimento rural sustentável com equilíbrio econômico, social e ambiental. Com apoio do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM) e da Fundação Ford Funbio  e financiamentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), do Consórcio Pesquisa Café/ Embrapa Café e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o pesquisador implantou unidades experimentais de cafeicultura orgânica nas comunidades a partir de 1999, visando adubação, nutrição, arborização, manejo de plantas nas entrelinhas, ecologia de pragas, cultivares e manejo da cultura.

Foram realizados diagnósticos ambientais da região e, nos sistemas instalados, as lavouras orgânicas de café foram estabelecidas em consórcios com leguminosas e outras espécies vegetais, integrados com outros cultivos, pastagens e criação de animais permitindo ganho econômico extra às famílias. Esses sistemas integrados foram uma novidade para os agricultores.

Foram selecionadas cultivares de café resistentes à ferrugem, mais apropriadas à agricultura de montanha. O manejo da matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes passaram a ser práticas fundamentais nesse processo, já que o cultivo do café orgânico exige critérios específicos, como adubação verde, utilização de resíduos orgânicos, plantas espontâneas e folhas de árvores de sistemas agroflorestais.

Nas lavouras de Araponga, os produtores já utilizam a casca despolpada do café como adubo e a chamada cama de frango (formada pelas fezes dos frangos em palha de café colocada sobre o piso dos galpões para frangos de corte).

Fonte: Globo Rural

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